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A ansiedade é uma emoção natural que todos experimentamos em algum momento da vida. No entanto, quando ela se torna excessiva e persistente, pode se transformar em um transtorno de ansiedade que afeta significativamente a qualidade de vida de uma pessoa. Este artigo tem como objetivo ajudá-lo a entender melhor o que é a ansiedade, suas causas, sintomas e tratamentos eficazes.
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O consumo moderado de vinho tinto ajuda a remodelar em poucas semanas a microbiota intestinal, cujo papel nas doenças cardiovasculares é cada vez mais reconhecido pela ciência. É o que revela um estudo publicado em The American Journal of Clinical Nutrition.
O trabalho, intitulado “Wine Flora Study” e apoiado pela FAPESP (projetos 15/21260-6 e 14/50907-5), envolveu 42 pacientes com doença arterial coronariana. Assinam o artigo pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp), de Verona (Itália), de Brasília (UnB), de Harvard (Estados Unidos) e do Instituto de Tecnologia Austríaco (Áustria).
Os cientistas usaram no ensaio clínico uma estratégia conhecida como cross over, ou seja, cada um dos participantes (homens com idade média de 60 anos) passou por duas intervenções: durante três semanas, consumiam diariamente 250 mililitros de vinho tinto (com 12,75% de concentração alcoólica e produzido com uva merlot pelo Instituto Brasileiro do Vinho especialmente para o estudo) e, pelo mesmo período, abstinham-se de álcool.
Ambas as intervenções foram precedidas por um washout de duas semanas (pausa no consumo de determinadas substâncias para que seus traços sejam totalmente eliminados do organismo), sem consumo de bebidas alcoólicas, alimentos fermentados (iogurte, kombucha, lecitina de soja, kefir e chucrute, por exemplo), prebióticos (incluindo insulina), probióticos, fibras e derivados do leite.
“Nesse tipo de trabalho, cada pessoa é o controle de si mesmo e, com isso, eliminamos fatores de confusão”, explica Protásio Lemos da Luz, professor do Instituto do Coração (InCor) da USP que estuda os efeitos do vinho tinto há mais de 20 anos e já demonstrou experimentalmente que o consumo por animais (coelhos), associado a uma dieta rica em colesterol, reduz a formação de placas ateroscleróticas.
Outra estratégia para afastar eventuais fatores de confusão foi submeter todos os participantes a uma dieta controlada e sem outros componentes presentes no vinho – por exemplo, polifenóis também encontrados nos chás, no morango e no suco de uva.
A cada intervenção, a microbiota intestinal foi analisada por sequenciamento de alto rendimento 16S rRNA, tecnologia que permite a identificação genética de espécies de bactérias pelo gene 16S, que está presente em todas. Também foram analisados os metabólitos presentes no plasma (metaboloma plasmático), como resultado da metabolização de compostos químicos e alimentos, por meio da técnica LC-MS/MS, que separa os compostos em um sistema de cromatografia líquida e depois os analisa em um espectrômetro de massas.
Um dos metabólitos de interesse dos pesquisadores é o chamado TMAO (N-óxido de trimetilamina), que é secretado por microrganismos da flora a partir de alimentos ricos em proteínas e tem sido associado ao desenvolvimento de doença ateroesclerótica.
O que mudou
Os pesquisadores observaram que a microbiota intestinal sofreu remodelação significativa após o período de consumo da bebida – com predominância dos gêneros Parasutterella, Ruminococcaceae, Bacteroides e Prevotella. Tais microrganismos são fundamentais na homeostase humana, ou seja, no funcionamento normal do organismo.
Também foram observadas mudanças significativas na metabolômica plasmática, consistentes com a melhoria da homeostase redox. É esse processo que garante o equilíbrio das moléculas oxidantes e antioxidantes, evitando o chamado “estresse oxidativo”, que induz doenças como a aterosclerose.
Com esses resultados, os pesquisadores concluíram que a modulação da microbiota intestinal pode contribuir para os supostos benefícios cardiovasculares do consumo moderado de vinho tinto.
“Quando o assunto é aterosclerose, temos basicamente duas vias de tratamento: uma é usar estatinas, medicamentos que diminuem os eventos cardiovasculares, e a outra é modificar o estilo de vida, praticando exercícios, evitando o tabagismo, cuidando de fatores de risco, como hipertensão, e controlando a dieta – e isso inclui o consumo moderado de vinho”, diz da Luz.
“Mostramos que uma intervenção habitual [usada por várias populações, como as da Espanha, França, Itália, de Portugal e do sul do Brasil] pode interferir na flora intestinal e na metabolômica plasmática, explicando em parte os efeitos benéficos do vinho observados em estudos ao longo dos anos. No entanto, alertamos que o consumo excessivo de álcool, isto é, maior do que 30 gramas [no caso do vinho, 250 ml] por dia, é maléfico e está associado a aumentos na mortalidade por cânceres, acidentes e mortes violentas.”
O pesquisador informa ainda que, no caso do metabólito TMAO, cujos efeitos na saúde ainda precisam ser mais bem investigados, as análises indicaram que os níveis plasmáticos não foram diferentes durante o consumo e a abstenção de vinho.
“Considerando outros estudos recentemente publicados, que identificam o aumento da substância como marcador de eventos cardiovasculares em longo prazo, nossa interpretação é que o período de três semanas é muito curto para que uma modificação significativa pudesse ocorrer”, conclui da Luz.
Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.
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Resultados da pesquisa, conduzida na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) com apoio da FAPESP, foram publicados no Journal of Neuroscience. Além de servir como biomarcadores de resiliência ao estresse, esses achados podem, no futuro, orientar o tratamento de pacientes psiquiátricos.
“Por meio dessa abordagem sofisticada de aprendizado de máquina, conseguimos identificar padrões de atividade neural no córtex pré-frontal e no hipocampo, o que permitiu detectar os animais resistentes ao estresse. Uma possibilidade futura seria antecipar, por meio do estudo dos ritmos neurais, aqueles indivíduos que teriam uma resposta eventualmente mais positiva a um momento de estresse”, explicou João Pereira Leite, professor do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da FMRP-USP e coordenador do estudo.
Os pesquisadores usaram um modelo experimental consagrado na psiquiatria para estudos sobre estresse. O método consiste em submeter um grupo de ratos a choques moderados nas patas, dos quais podem escapar pulando por cima de um pequeno muro. Outro grupo recebe choques em quantidade, intensidade e duração idênticas ao do grupo anterior, porém, sem a possibilidade de escapar. E, no terceiro grupo, estão os animais-controle, ou seja, que não recebem choques.
Como explicam os pesquisadores, a maioria dos animais que passa por choques incontroláveis falha em escapar de adversidades apresentadas posteriormente, mesmo quando os novos estímulos são “escapáveis”. “É um fenômeno bem entendido na psiquiatria para esse modelo experimental e que recebe o nome de desamparo aprendido. Já os animais que passam por uma primeira exposição a choques controláveis tendem a se tornar mais resistentes a situações estressoras no futuro, fenômeno atualmente denominado resistência aprendida”, explica Danilo Benette Marques, pesquisador da FMRP-USP e primeiro autor do artigo.
Durante os experimentos, os pesquisadores foram registrando a atividade elétrica no hipocampo e no córtex pré-frontal dos animais. Eles explicam que as duas regiões cerebrais foram amplamente associadas aos efeitos do estresse e da depressão em estudos anteriores.
Os resultados foram então analisados por meio de técnicas de aprendizado de máquina, ramo da inteligência artificial que permite trabalhar com grandes volumes de dados e automatizar a construção de modelos analíticos. O algoritmo aprende com os dados a identificar padrões ou tomar decisões.
Ritmo neural da resiliência
“Pudemos realizar uma investigação extensa das atividades cerebrais durante o estresse e descobrimos oscilações neurais que distinguiam os animais resistentes dos desamparados. O interessante é que essas oscilações na atividade elétrica do cérebro poderiam ser verificadas por eletroencefalografia [EEG, método não invasivo], o que ajudaria a orientar tratamentos personalizados para depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático”, ressalta Marques.
Os pesquisadores observaram nos animais resistentes aumento de oscilações nas frequências entre 5 e 10 hertz, conhecidas como oscilações teta (θ). “Não estamos falando de uma maior quantidade de atividade neuronal e sim de uma sincronicidade dessa atividade em uma mesma frequência. A atividade do cérebro tende a ser desordenada, sem um padrão claro. Entretanto, em momentos associados a alguma atividade cognitiva ou comportamental, ele apresenta um padrão periódico, com uma oscilação muito clara que pode durar segundos. Nesses casos é a oscilação teta”, explica Rafael Naime Ruggiero, bolsista da FAPESP e coorientador do estudo.
Ruggiero explica que o fenômeno nada mais é que uma sincronização de um conjunto de neurônios. “Portanto, o que se observa para oscilações neurais no geral é que um input faz com que os neurônios se despolarizem [ocorre uma deflexão da onda] e depois eles voltam a ser regularizados. A onda [frequência] vai e volta e isso acontece de modo periódico”, explica.
Pereira Leite ressalta que o entendimento desses padrões de atividade rítmica cerebral pode contribuir para o tratamento de pacientes psiquiátricos. Afinal, sabe-se que experiências traumáticas (e estressantes) são fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais, entre eles ansiedade generalizada, depressão maior e estresse pós-traumático.
Em um estudo mais recente, disponível em versão preprint (sem revisão por pares) na plataforma bioRxiv, os pesquisadores demostraram que a sincronia de várias regiões cerebrais nas frequências teta está envolvida no enfrentamento ao estresse, não só quando este tem um valor aversivo (como escapar de um choque), mas também em situações positivas, como conseguir uma recompensa.
Dessa forma, de acordo com o estudo, as relações positivas entre a atividade cerebral e os processos comportamentais associados à resiliência indicam um potencial terapêutico.
“Os resultados possibilitam o uso de estratégias não farmacológicas para o tratamento desses indivíduos. É o caso da neuromodulação, que visa estimular determinadas regiões cerebrais e fazer com que o indivíduo reproduza a atividade teta, eventualmente obtendo um resultado mais positivo que o uso de medicamentos psiquiátricos”, diz Pereira Leite.
Além disso, ao entender melhor o funcionamento do córtex pré-frontal e do hipocampo, torna-se possível buscar terapias mais específicas.
“No caso dos antidepressivos, por exemplo, eles são tomados por via oral e atuam nas sinapses e em neurotransmissores de todo o cérebro. O estudo mostrou que a maior resiliência ou o próprio desamparo podem envolver circuitos e dinâmicas cerebrais particulares, não o cérebro como um todo. É possível identificar regiões ou interações entre regiões que vão ser muito importantes para guiar o desenvolvimento de novos tratamentos psiquiátricos mais eficazes e com menos efeitos colaterais. Desse modo, o medicamento não precisaria mexer na serotonina do cérebro todo, por exemplo”, explica Pereira Leite.
Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.
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A relação da cantora Shakira ganhou mais uma cena. Após a separação do ex-jogador Piqué ela teria supostamente provocado ele com uma nova canção onde cita que “trocou uma Ferrari por um twingo” em alusão a trocar uma mulher mais valiosa por algo mais simples, com um motor menos potente.
Acontece que ela quis provavelmente fazer um trocadilho com a coleção de carros do ex. No entanto, Piqué não tem nem Ferrarri nem Twingo, mas a lista incluem um Aston Martin DB9 GT. BMW, Mercedes, Porsche e até audi.
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Cientistas das universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e Federal do ABC (UFABC) utilizaram com sucesso bagaço de maçã para produzir biogás. A pesquisa, publicada na revista Biomass Conversion and Biorefinery, está inserida na filosofia de “economia circular”, cujos princípios são redução de custos, fechamento dos ciclos de produção de resíduos e avanço da reutilização e reciclagem de bioenergia e biomateriais.
A maçã está entre as frutas mais consumidas em todo o mundo, tanto in natura como processada em suco, vinagre e cidra, entre outros. Mas os subprodutos gerados pela indústria são geralmente descartados sem qualquer aplicação posterior. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a produção mundial de maçã em 2020 foi de quase 86,5 milhões de toneladas. China (46,85%), Estados Unidos (5,38%) e Turquia (4,97%) são os produtores mais destacados.
“A biorrefinaria com tecnologia de digestão anaeróbia gera energia elétrica e térmica, reduz emissões de gases de efeito estufa e valoriza o resíduo, convertido em adubo orgânico”, explica Tânia Forster Carneiro, que concluiu o doutorado em engenharia de processos industriais na Universidade de Cádiz (Espanha) em 2004 e atualmente leciona na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, na área de bioengenharia e biotecnologia.
Como explica a pesquisadora, digestão anaeróbia é um processo microbiológico que envolve consumo de nutrientes e produção de metano. A digestão anaeróbia do tipo seca (com concentração total de sólidos dentro do reator acima de 15%) é considerada um tratamento interessante para resíduos orgânicos sólidos e uma destinação final mais adequada ambientalmente quando comparada com aterros sanitários.
Os resultados mostram um rendimento de 36,61 litros (L) de metano por quilo de sólidos removidos, o que pode gerar 1,92 quilowatt-hora (kWh) de eletricidade e 8,63 megajoules (MJ) de calor por tonelada de bagaço de maçã. A bioenergia recuperada pela indústria poderia suprir 19,18% de eletricidade e 11,15% de calor nos gastos operacionais do reator. Assim, os biocombustíveis e a bioeletricidade podem contribuir para as políticas públicas, reduzir o consumo de combustíveis fósseis e a emissão de gases de efeito estufa procedentes dos resíduos orgânicos.
Transição energética
O grupo de pesquisa constatou que a emissão evitada de gases de efeito estufa gerados pelo biogás representou 0,14 quilograma (kg) de dióxido de carbono (CO2) equivalente de eletricidade e 0,48 kg de CO2 equivalente de calor por tonelada de bagaço de maçã. “A tecnologia de digestão anaeróbia é estável e pode ser implementada em indústrias de pequena e média escala, auxiliando na transição para a economia circular e oferecendo uma melhor destinação para os resíduos de frutas, o que é uma alternativa para a valorização de subprodutos, proporcionando ganhos para a cadeia produtiva”, diz Carneiro.
O trabalho também é assinado pelos estudantes e pesquisadores da FEA-Unicamp Larissa Castro Ampese (doutoranda), William Gustavo Sganzerla (doutorado direto), Henrique Di Domenico Ziero (doutorando) e Josiel Martins Costa (pós-doutorado), além do professor Gilberto Martins (Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da UFABC). As pesquisas recebem uma série de apoios da FAPESP (18/14938-4, 19/26925-7 e 21/03950-6).
Carneiro e Sganzerla publicaram recentemente artigo sobre a tecnologia de digestão anaeróbia que produz metano a partir de bagaço de malte da indústria cervejeira, demonstrando detalhadamente o ganho em energia elétrica e térmica por meio de cálculos de balanço de massa e energia de todos os fluxos de entrada e saída. Para cada tonelada de bagaço de malte é possível produzir 0,23 megawatt-hora em energia elétrica (leia mais em: agencia.fapesp.br/38702/).
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Diário Saúde Today (Com Willen Moura – Fonte Fapesp) Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) descobriram, por meio de experimentos com ratos, como o exercício aeróbico melhora o controle da hipertensão arterial em indivíduos com hipertensão crônica ou insuficiência cardíaca. De acordo com os estudos, o treinamento ajuda a corrigir disfunções na barreira hematoencefálica e restaura o fluxo sanguíneo no sistema nervoso central mesmo em caso de persistência da doença.
A barreira hematoencefálica é uma estrutura que tem a função de regular o transporte de substâncias entre o sangue e o sistema nervoso central, barrando a entrada de substâncias tóxicas e de hormônios plasmáticos em excesso. Esses hormônios, em quantidade acima do ideal, são capazes de ativar neurônios envolvidos na regulação do sistema cardiovascular, levando à disfunção autonômica e ao desequilíbrio da circulação sanguínea. Isso facilita o aparecimento de lesões em órgãos-alvo, podendo comprometer coração, cérebro, rim, entre outros órgãos.
“Além de corrigir o controle autonômico da circulação, o treinamento aeróbico também contribui para reduzir de 10% a 15% os níveis da pressão arterial nos hipertensos”, afirma Lisete Compagno Michelini, coordenadora do Laboratório de Fisiologia Cardiovascular, responsável pelos estudos, em entrevista para a Assessoria de Imprensa do ICB-USP.
A investigação recebeu financiamento da FAPESP por meio dos Projetos Temáticos “Barreira hematoencefálica: um novo paradigma no tratamento da hipertensão” e “Amelioration of the autonomic imbalances of old age with exercise: exploring the molecular and physiological mechanisms”, além do projeto “Barreira hematoencefálica e regulação autonômica na hipertensão arterial: efeitos da angiotensina ii e do treinamento aeróbio”.
Filtro de substâncias
Encontrada nos capilares cerebrais por onde o sangue circula, a barreira hematoencefálica é composta por células endoteliais intimamente ligadas umas às outras por junções oclusivas que limitam a passagem de substâncias solúveis em água. Não há limite para a passagem de substâncias lipossolúveis, como oxigênio e gás carbônico, através da célula endotelial. O problema são as macromoléculas, entre elas substâncias tóxicas e hormônios plasmáticos.
“Em indivíduos saudáveis, a passagem de macromoléculas, que ocorre através de vesículas sanguíneas, é bastante limitada. No entanto, observamos que em hipertensos e portadores de insuficiência cardíaca há um aumento expressivo no número dessas vesículas em áreas autonômicas, o que eleva a permeabilidade da barreira hematoencefálica. Por outro lado, observamos que o treinamento aeróbico reduziu em muito a formação dessas vesículas, além de normalizar a permeabilidade da barreira hematoencefálica”, explica Michelini.
Segundo a professora do ICB, já se sabia que em casos de acidente vascular cerebral (AVC), traumas e doenças neurodegenerativas a integridade da barreira era comprometida pela quebra das junções oclusivas, o que permitia livre acesso das substâncias. “Em nossos experimentos, observamos que na hipertensão e na insuficiência cardíaca não há quebra em áreas de controle cardiovascular e sim aumento da permeabilidade por facilitação do transporte das vesículas, o que pode ser prontamente corrigido pelo treinamento aeróbico”, destaca.
As descobertas feitas pela equipe reforçam a importância do treinamento físico para a melhora do controle autonômico da circulação, pois, além de ser um importante aliado no tratamento farmacológico dessas patologias, permite reduzir a quantidade necessária de medicamentos e, consequentemente, diminui a ocorrência de efeitos colaterais.
“O exercício físico, assim como diferentes fármacos, favorece a vasodilatação vascular, ajuda a balancear desvios do sistema renina angiotensina, responsável por regular a pressão arterial, e melhora o controle autonômico da circulação”, afirma Michelini.
O grupo segue estudando o funcionamento da barreira hematoencefálica, agora com o objetivo de avaliar se o transporte vesicular aumentado na hipertensão e insuficiência cardíaca, mas reduzido em ambas as situações pelo treinamento aeróbio, é mediado pela disponibilidade do hormônio angiotensina II e/ou de citocinas pró-inflamatórias. O grupo verificará ainda se os resultados obtidos na hipertensão primária (sem causa esclarecida) são também aplicáveis à hipertensão secundária, derivada de uma outra condição (como apneia do sono, insuficiência renal e hipotireoidismo, entre outras).
Parte dos resultados já obtidos pela equipe do ICB foi divulgada em três artigos. O estudo intitulado Transcytosis within PVN capillaries: a mechanism determining both hypertension-induced blood-brain barrier dysfunction and exercise-induced correction pode ser acessado em: https://journals.physiology.org/doi/full/10.1152/ajpregu.00154.2020.
O artigo Perfusion of Brain Preautonomic Areas in Hypertension: Compensatory Absence of Capillary Rarefaction and Protective Effects of Exercise Training está disponível em: www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphys.2021.773415/full.
E o estudo Maintenance of Blood-Brain Barrier Integrity in Hypertension: A Novel Benefit of Exercise Training for Autonomic Control pode ser encontrado em: www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphys.2017.01048/full.
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Normalmente as pessoas acham que um superdotado é sempre o melhor da turma, o cara com as notas mais altas e que está sempre muito à frente dos demais colegas. Porém, nem sempre é assim. Um exemplo disso é o menino Benjamin Muniz, de 5 anos.
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